Muitas cidades brasileiras enfrentam problemas com enchentes. Motivos como falta de planejamento urbano, de manutenção em sistemas de drenagem e infraestrutura precária contribuem para que ruas, na ocorrência de chuvas intensas, transformem-se em verdadeiros rios.
Carros alagados são uma das consequências desse fenômeno que, naturalmente, é mais comum no verão. Só quem passa por essa situação sabe o tamanho da dor de cabeça que algo assim é capaz de gerar.
Os empresários do ramo de concessionárias precisam entender o assunto e saber avaliar até que ponto compensa ou não levar de volta ao mercado um automóvel que tenha passado por esse tipo de situação. Afinal, o futuro do seu negócio depende diretamente da satisfação do cliente, certo?
Avalie se o risco compensa
A primeira pergunta que deve ser feita é: quero trabalhar com carros que passaram por inundações?
Algumas lojas simplesmente se recusam a vender produtos com esse histórico, pois acreditam que eles fatalmente vão apresentar algum mau funcionamento, arruinando a imagem da loja perante seus compradores.
De fato, essa é uma reflexão necessária. E sabemos que existem proprietários que fazem de tudo para mascarar os danos antes de colocar o carro à venda. Mas também é fato que muitos veículos alagados voltam a circular pelas ruas, sem graves problemas.
Tudo vai depender do seu conhecimento de causa e de uma minuciosa avaliação sobre o potencial e o estado de cada automóvel.
A seguir, aprenda como identificar se um veículo atingido por chuvas tem ou não condições de ser revendido.
Veja a altura que a água atingiu
Quando um carro fica preso em um alagamento, os problemas que ele pode enfrentar vão desde um assoalho que ficou encharcado pela água que entrou pelos vãos das portas, até sérios danos ao motor. Por isso, é fundamental saber até que altura a água chegou dentro do veículo.
Se a inundação tiver chegado somente até a altura dos assoalhos e não for um veículo com muitos componentes eletrônicos, são grandes as chances de uma recuperação completa, sem sequelas futuras.
Já se for um modelo mais equipado eletronicamente, com câmbio automático e outros recursos, o prejuízo pode ser bem maior. Em alguns deles, há módulos eletrônicos que controlam mais de 15 funções. Logo, se molhados, vão ocasionar uma série de panes.
Outra questão é que, após secarem, diversos componentes até voltam a funcionar normalmente, mas, passado algum tempo, a umidade acumulada pode causar a corrosão desses itens, gerando complicações difíceis de serem solucionadas.
Por isso, ainda que a água não tenha subido muito dentro do automóvel, é preciso averiguar bem as condições internas do veículo e suas funções.
Agora, se a água tiver atingido a altura do painel ou se o carro tiver ficado totalmente submerso, melhor desistir do negócio. Para as seguradoras, isso já é classificado como perda total; portanto, certamente não será um bom negócio para a sua loja.
Verifique o cheiro e as condições dos revestimentos
O primeiro impacto da água de uma enchente no interior do veículo ocorre nos revestimentos. Carpetes, assentos e a forração, depois de encharcados, vão reter umidade e exalar um cheiro característico. Isso porque a água da chuva carrega consigo uma série de detritos, como terra, sujeira, galhos e até lixo.
É fundamental sentir o cheiro da parte interior do carro, bem como ligar o aquecedor e o ar-condicionado, que ajudam bastante a evidenciar o odor.
Uma avaliação visual dos revestimentos também é de suma importância, pois há casos em que o barro fica impregnado em estofamentos, portas e outras partes.
Depois de cheirar e olhar detalhadamente, é hora de definir se é possível e se vale a pena recuperar o estrago.
Considere uma boa higienização
A higienização é um procedimento sempre recomendado para carros alagados. Ela consiste, primeiramente, na remoção e desmontagem de todos os itens que precisam passar por limpeza.
Após removidas, as peças devem ser lavadas e desinfetadas com produtos específicos, como bactericidas e fungicidas, com o objetivo de matar todos os microrganismos que podem estar ali.
O ideal é que durante a higienização também sejam aplicados produtos para combater a ferrugem, que é outra consequência bastante comum desse tipo de situação.
A higienização mais simples pode custar desde algo em torno de R$ 500,00 até mais de alguns milhares de reais, dependendo do tipo de forração do veículo e do grau de comprometimento. Os casos mais caros são também os mais complexos, nos quais, além da limpeza, é preciso fazer a troca dos revestimentos.
É muito importante ficar de olho, pois até uma higienização feita de forma adequada pode deixar resquícios e impurezas, que poderão ser detectados mais tarde.
Confira as luzes do painel
Quando algo não está funcionando da maneira adequada no carro, em geral, o painel dá o alerta. Assim, além de averiguar as condições estéticas do painel, gire a chave de ignição e verifique se todos os sinais luminosos estão acesos como deveriam.
Luzes que não acendem ou ficam piscando e alertas sonoros que disparam sem nenhum comando específico são sinais de que algo ali foi atingido.
Aproveite o processo de averiguação e ligue também o para-brisas, piscas, isqueiro, rádio e demais funções disponíveis. Quanto mais testes forem feitos, maiores as chances de verificar a profundidade dos danos.
Faça uma verificação completa do motor
Danificar o motor é a pior coisa que pode acontecer com automóveis alagados. Dependendo do tamanho do prejuízo, a peça precisa ser descartada.
A situação mais grave é quando ocorre o calço hidráulico. Isto é, quando a água é aspirada para dentro do motor, gerando uma pressão mais alta do que a suportada.
O calço hidráulico acontece quando o motorista passa por trechos em que a água está muito alta. Se sugada para dentro dos cilindros, ela vai impedir o movimento correto dos pistões, forçando as bielas.
Com isso, há um aumento de esforço sobre os demais componentes, o que pode gerar deformações no cárter, cabeçotes e, em casos mais extremos, rachaduras no bloco do motor.
Uma das maneiras de averiguar o prejuízo é observar a cor do óleo do motor. Se ele estiver esbranquiçado, certamente a peça foi atingida, o que também implica riscos para a caixa de marchas.
Saiba quais são os modelos mais resistentes
Avaliar se carros alagados têm ou não condições de continuarem em pleno funcionamento envolve muitas etapas, mas existem pesquisas que apontam alguns modelos como os mais e os menos resistentes a esse tipo de situação.
Claro que cada caso é um caso, mas o estudo, desenvolvido pelo do Centro de Experimentação e Segurança Viária (CESVI), pode ser útil para quem trabalha com venda e revenda de veículos.
De acordo com o CESVI, alguns dos modelos mais seguros são: Renault Fluence, Renault Duster, Chevrolet Cobalt, Citroën C4 Picasso e Citroën C4 Hatch.
Já entre os modelos mais frágeis, aparecem na lista: Fiat Palio Fire, Fiat Mille, Chevrolet Celta, Chevrolet Corsa Hatch e Chevrolet Prisma.
Como vimos, trabalhar com a venda de veículos alagados é sempre um risco. Existem, sim, os casos em que os danos não foram severos e o carro poderá seguir circulando até o fim de sua vida útil sem grandes percalços; porém, também há situações em que, embora não seja aparente, o automóvel fica com resquícios e pode apresentar problemas no futuro.
Por isso, o ideal é ter muito cuidado e verificar tudo ponto a ponto. Dessa forma, é possível fazer uma venda que não vai decepcionar clientes, nem manchar a imagem da empresa. Para saber mais sobre isso, leia nosso artigo sobre venda consciente!
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