O consumo de combustível é um gasto que pesa no bolso do brasileiro, que está sempre em busca de alternativas para economizar no dia a dia. Especialmente para quem depende de veículos próprios para trabalhar ou para os que querem planejar uma viagem mais econômica, é importante entender o que exatamente interfere na eficiência e no desempenho do motor.
Seja no consumo de gasolina, etanol ou diesel, há sempre um mito que deve ser desvendado por meio de informações técnicas sobre o funcionamento dos automóveis. A seguir, descrevemos algumas das afirmações comuns e que sempre geram dúvidas entre os condutores.
Consumo de combustível: verdade ou mito?
Gasolina
1. É mito! Gasolina de octanagem alta é mais econômica
A octanagem da gasolina é uma medida que indica a capacidade de resistência do combustível à detonação dentro do motor de um veículo, com base no nível de compressão que ocorre durante a combustão. Quanto maior a octanagem, maior a capacidade de resistência à detonação, o que é relevante para prevenir o batimento ou a pré-ignição do motor.
O índice de octanagem, no entanto, não interfere no consumo de gasolina, mas sim no desempenho e na potência do automóvel em motores de alta compressão ou esportivos. Isso significa que carros populares com motor aspirado 1.0 não sofrem nenhuma influência em função da octanagem.
2. É verdade! Usar gasolina aditivada é benéfico para o motor
A gasolina aditivada contém detergentes e dispersantes que ajudam a manter o motor limpo, evitando o acúmulo de resíduos e carbono. Isso pode resultar em um melhor desempenho do motor, reduzindo a possibilidade de problemas como a pré-ignição e a detonação irregular.
Além disso, a limpeza proporcionada pelos aditivos na gasolina pode contribuir para uma vida útil mais longa do motor e uma maior eficiência de combustível. Também pode reduzir a emissão de poluentes, o que é bom para o meio ambiente.
A escolha entre gasolina aditivada e comum depende das necessidades de cada veículo e do estilo de condução do motorista. Em alguns casos – principalmente em carros fabricados nos últimos 15 anos –, o uso regular de gasolina aditivada pode ser vantajoso, enquanto, em outros, pode não ser necessário.
3. É mito! Usar gasolina aditivada é mais econômico
O uso de gasolina aditivada não necessariamente é mais econômico em termos de consumo de combustível. Na verdade, a crença de que a gasolina aditivada rende mais é um mito. Vários estudos e especialistas automotivos afirmam que, em termos de economia de combustível, não há uma diferença significativa entre a gasolina aditivada e a gasolina comum.
A vantagem da gasolina aditivada está relacionada à limpeza do motor. Ela contém aditivos que ajudam a prevenir o acúmulo de resíduos e carbono, o que pode manter o motor mais limpo e potencialmente com melhor desempenho a longo prazo. No entanto, isso não se traduz necessariamente em uma economia do consumo médio de combustível.
4. É mito! É preciso misturar gasolina aditivada e comum
É possível misturar gasolina aditivada e comum sem causar problemas ao veículo. Entretanto, o efeito dos aditivos presentes na gasolina aditivada será reduzido quando em contato com a gasolina comum.
Ao misturar os dois tipos de gasolina, a eficácia desses aditivos será comprometida, provocando uma limpeza menos eficaz do motor, mas sem interferir propriamente no consumo de combustível.
5. É verdade! Quem tem carro flex pode optar por álcool ou etanol quando quiser
Muitos afirmam que variar entre gasolina e etanol em carros flex vicia o motor, o que não é verdade. Os motores flex são projetados para funcionar com qualquer proporção de gasolina e etanol, sem viciar ou causar danos ao veículo por conta disso.
Os motores flex possuem um sistema chamado sonda lambda, que ajusta automaticamente a mistura ar-combustível para otimizar o desempenho, independentemente da proporção de etanol ou gasolina no tanque. Alternar entre esses combustíveis não afeta negativamente o motor, tampouco o teor de álcool na gasolina.
Além disso, o revezamento entre gasolina e etanol é uma prática comum e conveniente para os motoristas de carros flex, permitindo que escolham o combustível mais adequado com base no preço e na disponibilidade. Portanto, não há necessidade de se preocupar com o vício do motor ao variar entre esses combustíveis.
Etanol
1. É verdade! Etanol consome mais rápido do que a gasolina
O etanol geralmente é consumido mais rápido do que a gasolina em veículos. Isso ocorre devido a várias razões:
- Densidade energética: a gasolina possui uma densidade energética maior do que o etanol. Isso significa que um litro de gasolina contém mais energia do que um litro de etanol.
- Razão de compressão: motores à gasolina geralmente têm uma razão de compressão mais alta, o que resulta em uma eficiência de combustível superior quando usam gasolina em comparação com o etanol.
- Tempo de combustão: o etanol possui um tempo de combustão mais curto do que a gasolina, o que pode afetar negativamente o consumo de combustível em alguns motores.
- Custo: embora o etanol seja frequentemente mais barato por litro, seu menor rendimento pode torná-lo menos vantajoso em termos de custo por quilômetro rodado.
Porém, a escolha entre etanol e gasolina depende de vários fatores, incluindo os preços locais dos combustíveis, pois o etanol realmente compensa quando o preço não ultrapassa 70% do valor da gasolina. Além disso, considerações ambientais e de sustentabilidade também podem influenciar a escolha, já que o etanol é considerado uma opção mais ambientalmente amigável.
2. É mito! Etanol misturado com água prejudica os veículos
O etanol vendido nos postos como combustível normalmente recebe adição de água desde a usina. É importante notar que existem dois tipos de etanol: o hidratado, que contém uma pequena quantidade de água, e o anidro, que é livre de água.
- Etanol hidratado: contém uma porcentagem de água e é destinado ao abastecimento de veículos.
- Etanol anidro: não contém água e é usado para misturar à gasolina.
O etanol hidratado aumenta o consumo de combustível e pode causar oxidação do motor, por isso, há um limite de percentual de água no etanol, que deve se manter entre 5% e 7%. Esse limite pode ser verificado pelo consumidor por meio do termodensímetro de leitura direta, presente nas bombas dos postos, por regra.
3. É verdade! Abastecer com etanol deixa o veículo flex mais potente
O etanol pode deixar o carro mais potente em comparação com a gasolina comum. Isso ocorre devido às características de combustão do etanol e à sua capacidade de suportar uma maior taxa de compressão nos motores.
Os motores flex, projetados para funcionar tanto com gasolina quanto com etanol, muitas vezes apresentam uma potência ligeiramente superior quando abastecidos com etanol. Isso ocorre porque o etanol possui uma octanagem (lembra desse índice que foi explicado lá no primeiro tópico dos mitos e verdades sobre o uso de gasolina?) mais elevada, o que permite uma maior taxa de compressão e, consequentemente, uma queima mais eficiente do combustível. Essa eficiência resulta em um aumento na potência do motor.
No entanto, vale ressaltar que a diferença de potência pode variar de acordo com o motor e a programação da Unidade de Comando Eletrônico (ECU) do veículo. Alguns motores flex podem ter uma potência ligeiramente superior com etanol, enquanto outros podem mostrar uma diferença mínima.
Diesel
1. É mito! Diesel S10 é mais eficiente
O diesel S10 é conhecido por ter um teor de enxofre significativamente mais baixo do que o S500, o que o torna uma opção mais limpa e sustentável. Isso contribui para uma redução nas emissões de poluentes e no acúmulo de sedimentos no motor, aumentando sua vida útil.
Assim, a eficiência do diesel S10 depende do tipo de veículo, os pesados, por exemplo, costumam ter melhor desempenho com o S500. De toda forma, o diesel S10 geralmente possui um número de cetano mais alto, o que promove uma queima mais eficiente e melhor desempenho do motor. Isso pode se traduzir em menor consumo de combustível e em maior potência, a depender da situação.
Em resumo, o diesel S10 é geralmente considerado mais favorável ao meio ambiente e pode oferecer benefícios de desempenho, mas a escolha entre S10 e S500 deve ser baseada nas necessidades do veículo e nas regulamentações locais.
2. É verdade! Caminhonetes devem usar somente o diesel S10
Essa afirmação é verdadeira para caminhonetes fabricadas a partir de 2012, que passaram a ser projetadas para utilizar diesel S10 a fim de reduzir a emissão de poluentes. A decisão partiu da adesão do Brasil ao protocolo mundial do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve).
3. É mito! Qualquer lubrificante serve em veículos leves a diesel
Ao contrário do que muitos pensam, não se pode utilizar qualquer lubrificante em veículos leves a diesel. A escolha do lubrificante adequado é fundamental para o funcionamento e a durabilidade do motor. Aqui estão algumas considerações sobre esse tema:
- Tipo de motor: motores a diesel operam sob condições diferentes dos motores a gasolina. Portanto, é essencial escolher um lubrificante formulado especificamente para motores a diesel. O óleo para motores a diesel é projetado para lidar com as altas temperaturas e pressões associadas a esses motores.
- Viscosidade correta: o óleo lubrificante deve ter a viscosidade apropriada para cada motor diesel. Utilizar um lubrificante com viscosidade inadequada pode causar um desgaste prematuro do motor.
Dessa forma, escolher o óleo lubrificante certo para veículos leves a diesel é crucial para garantir o funcionamento adequado e a longevidade do motor, o que pode interferir no consumo de combustível a longo prazo.
4. É verdade! Veículos pesados devem usar somente Arla 32
A maioria dos veículos pesados, como caminhões e ônibus, deve usar o Arla 32, uma solução que ajuda a reduzir as emissões de poluentes dos motores a diesel, tornando-os menos agressivos ao meio ambiente. A obrigatoriedade vem desde 2012, com a regulamentação que mudou as diretrizes para fabricação de veículos a diesel, por questões ambientais e também para melhorar a eficiência do consumo médio de combustível.
Eficiência do consumo médio e dirigibilidade
1. É verdade! Acelerar e frear bruscamente aumenta o consumo de combustível
Essa é uma prática que impacta negativamente na eficiência do consumo de combustível do veículo, devido aos seguintes fatores:
- Ineficiência energética: acelerar bruscamente faz com que o motor tenha que fornecer uma grande quantidade de energia de forma rápida, o que aumenta o consumo de combustível.
- Frenagens bruscas: quando se freia bruscamente, a energia cinética do veículo é convertida em calor nos freios, desperdiçando a energia que foi usada para acelerar.
- Mudanças constantes de velocidade: acelerar e frear repetidamente em tráfego congestionado ou estradas com muitos semáforos consome mais combustível.
Além do aumento do consumo de combustível, acelerar e frear bruscamente também pode causar um desgaste prematuro nos freios e outros componentes do veículo, de maneira que uma direção defensiva e responsável gera muitos benefícios, incluindo a segurança de todos.
2. ´É mito! Os pneus não interferem no consumo de combustível
Os pneus têm uma influência significativa no consumo de combustível de um veículo. Pneus desgastados, mal calibrados ou de baixa qualidade podem fazer com que o automóvel tenha um consumo médio mais elevado, por conta da resistência com o solo e ao aumento do esforço do motor.
3. É verdade! Usar ar-condicionado aumenta o consumo de combustível
A maioria dos veículos utiliza o motor do carro para acionar o compressor do ar-condicionado, o que demanda energia adicional e, consequentemente, mais combustível. No entanto, o impacto no consumo médio varia de acordo com diversos fatores, como as condições climáticas, a velocidade do veículo e a configuração do ar-condicionado.
Nas cidades, o carro pode gastar até 10% a mais de combustível quando o ar-condicionado está ligado. Em estradas, esse impacto pode ser menor. Além disso, o uso do ar-condicionado na potência máxima tende a consumir mais combustível do que em configurações mais moderadas.
Logo, para economizar combustível, é aconselhável utilizar o ar-condicionado com moderação, especialmente em climas mais quentes. Em dias amenos, considerar a ventilação natural ou utilizar o ar-condicionado em uma configuração menos intensa pode ajudar a reduzir o consumo de combustível.
4. É mito! Não há diferença de consumo entre o motor turbo e outros tipos de motores
A eficiência de um motor turbo em comparação com outros tipos de motores pode ser superior, em condições normais, de maneira que exige menos esforço do motor e menor consumo de combustível. No entanto, há diversos aspectos que influenciam essa eficiência:
- Estilo de condução: a eficiência do uso de combustível de um motor turbo pode ser igual ou até melhor do que a de motores aspirados, desde que a mesma exigência de desempenho seja mantida. O consumo de combustível pode ser menor quando se pisa igualmente no acelerador em ambos os tipos de motores.
- Tecnologia do motor: motores turbo modernos, equipados com tecnologias avançadas como injeção direta de combustível e sistemas de gerenciamento sofisticados, tendem a ser mais eficientes em termos de combustível.
Não se pode afirmar, porém, que um motor turbo é mais econômico do que outros tipos de motores em todas as situações, visto que, se a manutenção não estiver em dia, o veículo pode consumir igual ou mais do que um com motor aspirado.
5. É verdade! Câmbio automático pode reduzir o consumo de combustível
O câmbio automático pode aumentar a eficiência do consumo de combustível, principalmente por manter a marcha sempre adequada à velocidade, uma vez que errar a marcha em carros com câmbio manual exige maior esforço do motor, prejudicando a economia.
Os câmbios automáticos modernos são projetados para realizar trocas de marchas de forma precisa e eficiente. Isso ajuda o motor a operar sempre no regime de rotações mais adequado, otimizando o consumo de combustível. Esses veículos também possuem conversores de torque mais eficientes, reduzindo as perdas de energia mecânica.
As novas tecnologias que tornam os veículos mais eficientes
Diante de todas as análises realizadas ao longo deste artigo, é possível perceber que as tecnologias automotivas que vêm sendo desenvolvidas nos últimos anos otimizam o consumo médio de combustível. Veículos flex, com motor turbo, câmbio automático, entre outras inovações, tendem a ser mais econômicos, quando com a manutenção em dia, claro.
De toda forma, os carros mais antigos podem ter ótima eficiência, com o uso do tipo de pneu correto e a escolha de um combustível de qualidade. Outra lição valiosa desta leitura é a importância de considerar os impactos ambientais, para além da economia. Aliás, as legislações já consideram ambos os aspectos na criação de novas regulamentações.
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