O Dia Internacional da Mulher de 2023 está regado a dados que não poderiam ser imaginados há algumas décadas. A desigualdade de gênero predominante no mercado de trabalho por tanto tempo está, enfim, em vias de ser superada? A verdadeira equidade, ao ritmo que andam as mudanças, só será alcançada daqui a 132 anos, segundo o Global Gender Gap Report 2022. De toda forma, setores que antes eram reservados aos homens hoje são conquistados por mulheres. Um exemplo disso é o mercado automotivo, que vem sendo ocupado por profissionais do gênero feminino graças à luta e à persistência delas.
O panorama geral do Brasil neste início de década, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de uma população majoritariamente feminina (51%), mas que ainda encontra barreiras para ocupar os espaços que almejam na sociedade. Afinal, são elas que apresentam o maior nível de desocupação (54,4% no 4º trimestre de 2022).
As estatísticas de gênero também mostram que os salários masculinos são maiores para um mesmo cargo (mesmo com escolaridade igual ou inferior!), e é essa a informação que chama a atenção no mundo corporativo. Será que a realidade é a mesma no mercado de carros? O cenário está um pouco distante do ideal, mas acredite: os avanços recentes são inspiradores! Elas estão conquistando cada vez mais espaço no setor automotivo, com desenvoltura e conhecimento à altura de sua capacidade.
“Ser mulher, em um segmento muito masculino, já é um desafio por si só! Preciso diariamente comprovar todas as minhas capacidades e conhecimentos, mostrando que não importa o meu gênero, e sim a experiência e vontade de fazer acontecer”, conta Maria Julia Porton, Gerente de Marketing da Concessionária Dimas.
Além da questão profissional, há o fator de tendência de consumo. Aquela ideia de “carro de mulher” – que um dia guiou as campanhas do segmento e a produção industrial – já está mais do que antiquada. Afinal, as mulheres entendem de negócios e de motorização tanto quanto os homens, de maneira que os modelos, aos poucos, estão mais relacionados às funcionalidades que entregam ao consumidor para atendê-lo no cotidiano do que propriamente ao gênero do comprador.
“Ao liderar o time de marketing de uma concessionária, me motivo todos os dias a construir um conteúdo inovador e inclusivo, mantendo uma comunicação transparente e abrangente para que outras mulheres como eu possam adquirir o seu veículo sem medo, possam trocar os pneus do carro sem precisar de ajuda e que tenham segurança em levar seus veículos nas oficinas. Desde o início, minha motivação é de que nós podemos e devemos fazer nossas escolhas sem medo”, completa Porton.
Mulheres e a indústria automotiva: protagonismo ou bastidores?
Há verdades que devem ser ditas e esta vem a calhar no Dia Internacional da Mulher: o papel das mulheres na indústria automotiva sempre foi de protagonista, desde o começo dessa longa história, embora alguns fatos tenham ficado atrás das cortinas por muito tempo.
A primeira pessoa a ocupar a função de piloto de teste foi Bertha Benz. Em 1888, ela rodou 100 quilômetros, com seus dois filhos de passageiros, em um dos primeiros protótipos de um carro a motor. Aliás, o projeto encabeçado por seu marido, Carl Benz, e que deu lugar à substituição das carruagens puxadas por cavalos, foi majoritariamente financiado pelo dinheiro da família de Bertha, que cedeu um dote para as vias de fato do casamento.
A empreitada ousada Bertha Benz foi o pontapé para convencer a sociedade de que a motorização era segura e vantajosa. No trajeto de estradas de terra e sem sinalização, ela se deparou com problemas e resolveu todos sozinha, graças aos seus conhecimentos de mecânica, uma vez que participou ativamente do projeto desde o início, acompanhando os test-drives. O resultado: o carro testado foi o primeiro a ser fabricado e comercializado. Sem Bertha Benz e sua perseverança, a história da indústria automotiva poderia ser bem diferente.
Apesar de toda sua importância, esse fato fica oculto em uma trajetória de protagonismo masculino no setor. Ainda bem que atualmente cada vez mais mulheres ocupam posições de liderança no mercado de carros, possibilitando que iniciativas como essa sejam devidamente valorizadas.
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Os desafios diários das mulheres no mercado de automóveis
A exemplo de Bertha Benz, muitas mulheres resolveram desafiar-se profissionalmente em um espaço inicialmentemasculino. 135 anos depois, o cenário é um tanto diferente, graças à iniciativa de mulheres que precisam ser destacadas neste Dia Internacional da Mulher.
- Apenas 0,6% dos cargos de liderança do setor automotivo são ocupados por mulheres;
- A participação feminina no setor automotivo é de 20%;
- A média salarial delas é 15% inferior à deles; quando se trata de cargos de liderança, a diferença é de 45%.
Esses dados, da pesquisa Diversidade no Setor Automotivo feita pela Automotive Business em 2021, são apenas um esboço da importância delas no segmento e de quanto ainda há para avançar no que diz respeito à igualdade e à diversidade. Muitos paradigmas já foram quebrados e há outros tantos a serem trabalhados.
Andréa Grossi Hickmann, Gerente de Marketing no Grupo Riozen Toyota/Lexus, está há 20 anos atuando no mercado automotivo e afirma que “o principal desafio é disputar, no mercado digital, uma fatia. Todos estão brigando por um pedacinho, pois o cliente hoje, quando está na internet, procura tudo. Virou uma grande vitrine, e disputar essa atenção é o grande desafio, pois vendemos um produto de alto valor agregado e que não se compra por impulso.”
Maria Julia Porton já atua no segmento há 5 anos e demonstra a diferença que consegue fazer com sua presença: “Quando entrei no mercado automotivo, vim pela missão de ajudar na construção de uma nova cultura. Há 5 anos, o setor era muito conservador e precisava de um olhar diferente para manter-se em crescimento. Desde o primeiro contato, senti que tinha a missão de transformar as comunicações em mais inclusivas e voltadas para o público feminino, também me motivei a trazer segurança e informação para que as mulheres sejam mais ativas.”
No mesmo passo, Sabrina Santana, Analista Comercial do Grupo Barigui desde 2019, comenta que o setor automotivo lhe proporcionou crescimento profissional e perspectiva de carreira. “Justamente por isso decidi entrar no mercado de automóveis, sabendo se tratar de um ramo majoritariamente masculino e possuindo muito interesse pelo mercado, visualizei uma oportunidade de destaque e um desafio que de fato poderia me cercar de oportunidades duradouras.”
Os obstáculos são muitos, mas as oportunidades também, o que leva cada vez mais mulheres como Sabrina a buscarem seu espaço: “no Grupo Barigui, por exemplo, encontramos mulheres ocupando posições de vendedoras, gerentes de unidade, inclusive diretoria, um número que vem aumentando a cada dia. Nos últimos anos, temos visto essa crescente do público feminino, que, mesmo sendo minoria, tem se mostrado cada vez mais necessário e presente no mercado”, ela conta.
E finaliza: “ainda existe um tabu que leva algumas organizações e até mesmo mulheres, em geral, a pensarem que não há qualificação suficiente para determinadas atuações, que cargos femininos podem possuir menor conhecimento técnico sobre automóveis, ou até mesmo que podem encontrar dificuldades em realizar a gestão comercial em uma equipe majoritariamente masculina. Devemos reforçar que, por sua individualidade, organização, disciplina e empatia, podemos encontrar mulheres desempenhando um papel de extrema competência no mercado de automóveis.”
Bertha, Maria Julia, Andréa e Sabrina são apenas 4 exemplos de protagonistas femininas que fazem história na construção da equidade de gênero na indústria e no comércio de automóveis. Essa é uma bandeira que nós, da OLX, não poderíamos deixar de levantar no Dia Internacional da Mulher em 2023, quando muitos desafios já foram superados, mas muitos outros ainda se colocam no trajeto.
Felizmente, temos em quem nos inspirar para alcançar a paridade. Nos próximos 8 de março, sem dúvida, a diferença será ainda menor. A OLX defende e está sempre em busca da igualdade de gênero, afinal, as mulheres devem ocupar os espaços que quiserem.
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