O mercado automotivo está sempre em busca de inovações que melhorem a qualidade dos carros. Air bags, câmeras de ré, freios ABS e GPS integrado são apenas alguns dos exemplos de itens hoje populares, mas que são resultado de anos de pesquisa por parte das fabricantes.
Mas, para poder fazer esse investimento e ter a certeza de que os objetivos da indústria poderão ser alcançados, o governo anunciou o Rota 2030, um programa de incentivos voltados para os fabricantes de automóveis do país.
Você já ouviu falar sobre o programa? Conhece a importância que terá nas próximas gerações e modelos de carros lançados? Se ainda não, ou caso deseje se aprofundar sobre o tema, conhecer seus objetivos e entender como ele vai afetar o setor de vendas, você está no lugar certo. Preparamos um artigo recheado de informações relevantes, para que você possa entender o que vai mudar — para melhor — no seu negócio pelos próximos anos.
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O que é o programa Rota 2030?
Todo mundo sonha ter acesso a carros cada vez melhores, recheados de tecnologia e acessórios que permitam uma boa performance e maior segurança na estrada. Aliás, esse costuma ser um dos pontos que norteiam a indústria na elaboração e melhoria dos modelos. Porém, eles são resultados de pesquisas que levam anos até chegar às linhas de produção.
Para ajudar as fábricas a alcançar esses objetivos, é normal que os governos, apoiados pelas associações do setor, criem políticas que estabeleçam metas de qualidade e de produtividade. Enquanto as montadoras indicam suas necessidades e desejos para continuar a investir no país, a administração pública estabelece as regras e metas para o mercado.
O funcionamento é parecido com o que acontece dentro da sua concessionária. O time de vendedores e clientes indicam o que precisam e o que querem para poder comprar e vender. Enquanto isso, gerentes e diretores se unem para planejar e criar estratégias que melhorem os resultados, sem que isso afete a saúde do negócio.
Quando bem feito, todos saem ganhando, seja na quantidade de carros vendidos ou na qualidade dos atendimentos.
Rota 2030: um novo rumo para a indústria nacional
O Rota 2030 Mobilidade e Logística é um programa de estímulo tributário (uma troca de investimentos por abatimentos nos impostos) feito para as montadoras que fabricam veículos em território nacional. A medida provisória vem sendo discutida há alguns meses entre o Palácio do Planalto, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e os Ministérios da Fazenda e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
Foram muitas rodadas de negociações até que o projeto recebesse, em julho de 2018, a aprovação final para ser implementada.
O projeto consiste em duas linhas principais. A primeira é um conjunto de incentivos às fábricas para o investimento em pesquisa automobilística; quem aderir poderá usufruir de renúncia fiscal (entre 10% e 12%) no Imposto de Renda de Pessoa Jurídica e na Contribuição Social Sobre Lucro Líquido.
Na segunda linha do programa é que está a maior — e mais importante — novidade. Em vez de apenas conceder benefícios a quem estiver disposto a produzir em território nacional, foi estabelecido um conjunto de regras específicas para que as montadoras possam obter os benefícios oferecidos na primeira parte.
Foram criadas metas (falaremos sobre elas adiante) para investimentos, principalmente em pesquisa e desenvolvimento nas áreas de segurança, consumo de combustível, tecnologia, entre outras.
Inovar-Auto: o antecessor do novo programa
Quem segue de perto as notícias do setor automotivo provavelmente se lembra do programa que antecedeu a política atual, o Inovar-Auto, que vigorou entre 2012 a 2017. Ele e o Rota 2030 contam com alguns pontos em comum, como benefícios para o investimento em inovações e isenções fiscais, só que o novo plano estipula valores e parâmetros específicos a serem atendidos.
Uma das grandes diferenças da nova política é a duração, com três ciclos de investimentos ao longo dos próximos 15 anos, três vezes a mais do que o programa anterior. A notícia foi bem recebida pelas montadoras, pois o maior cronograma permite às empresas uma melhor previsibilidade acerca do posicionamento do governo em relação ao setor automotivo. Assim, eles podem planejar e executar suas ações sem pressa e sem medo de uma mudança brusca no cenário do mercado nacional.
Vale lembrar que o Inovar-Auto foi, na sua época, alvo de muitas críticas, inclusive da Organização Mundial do Comércio (OMC). A medida provisória foi considerada protecionista e nacionalista em demasia, e a OMC condenou publicamente as altas taxas e regras impostas aos veículos importados.
Para se ter uma ideia do impacto que a medida teve nas importações, bastou o fim da política, em dezembro de 2017, para que houvesse um aumento de 38% no número de veículos que chegaram ao país no primeiro mês subsequente.
Quais os objetivos do programa?
A principal meta do Rota 2030 é conseguir um investimento de, pelos menos R$ 5 bilhões por ano em pesquisa e desenvolvimento. Para atingi-la, o intuito é conceder às montadoras R$ 1,5 bilhão por meio do crédito sobre a tributação (Imposto de Renda e Contribuição Social, como dissemos no tópico anterior).
O valor é parecido com o oferecido no Inovar-Auto, mas a diferença está no retorno ao mercado e, é claro, ao consumidor. Embora o texto completo ainda não tenha sido publicado, tanto o governo quanto a Anfavea já apresentaram diversas informações essenciais para saber quais os rumos pretendidos pelo Rota.
Entre os principais objetivos, destacamos:
1. Aumentar a competitividade
Um dos maiores motivadores de qualquer setor econômico é a competitividade, pois alimentam a necessidade e o desejo entre as montadoras de buscar o crescimento e o destaque diante da concorrência.
O mesmo acontece com a sua loja. Ela possui um mercado baseado na localização, no tipo de veículo e no perfil do cliente. Provavelmente existem outras concessionárias no entorno — ou que anunciam nos mesmos canais digitais. E muitos de seus esforços devem estar concentrados em conquistar mais clientes do que seus concorrentes, certo?
Para isso, você investe em conhecimento e procura informações, dicas e novidades que possam auxiliar no planejamento e na gestão, em busca das melhores práticas e do que seja diferente — e melhor.
Ao estabelecer regras de investimento, o governo faz com que as grandes empresas se esforcem para produzir inovações e que busquem superação e melhorias contínuas em seus modelos.
2. Estimular novas tecnologias
Como o Rota 2030 tem duração prevista de 15 anos (e R$ 75 bilhões como mínimo total de investimento), ele permite que as empresas tenham tempo suficiente para poder se planejar em relação à pesquisa, criação e subsequente produção de novos itens que farão diferença na vida dos motoristas.
Falaremos adiante sobre os pontos específicos já mencionados para o programa. A boa notícia é que, com essa notícia, podemos esperar boas novidades nos lançamentos automotivos em alguns anos. E, ao que tudo indica, eles não serão aplicados apenas para os modelos mais caros, mas também farão parte das linhas mais populares.
3. Melhorar a qualidade dos veículos produzidos no país
O Brasil já caminhou bastante no quesito qualidade de produção. Há alguns anos, os veículos produzidos no Brasil eram considerados um dos piores do mundo. O país conseguiu melhorar significativamente, mas isto não significa que não exista espaço para evolução.
O Rota 2030 é um círculo virtuoso para a produção nacional, inclusive para alcançar os patamares internacionais de excelência (e, quem sabe, p status de país exportador). Com maiores incentivos e regras claras, a pesquisa leva ao avanço e a um possível aumento no consumo e, logicamente, na produção.
4. Ampliar o mercado dos elétricos e híbridos
Outro aspecto importante foi o decreto assinado pela presidência, junto com o Rota 2030, para a redução do IPI sobre veículos elétricos e híbridos (modelos que combinam motor movido a eletricidade e motor a combustão), uma mudança significativa para essa fatia de mercado, ainda muito pequena no país.
Atualmente, carros ecológicos têm alíquota de 25% de IPI (ou seja, correspondem a um quarto do valor total do veículo), na contramão do setor automobilístico internacional, que concede cada vez mais benefícios para veículos ecológicos.
Contudo, a partir de novembro de 2018, o imposto sofrerá redução significativa, com variação entre 7% a 20%, onde os carros com maior eficiência energética terão o menor percentual.
Para ter uma noção do impacto, a montadora asiática Toyota, fabricante do híbrido Prius (o veículo híbrido mais vendido no mundo), já anunciou a pretensão de diminuir o preço do modelo. Embora os valores ainda não tenham sido divulgados, essa já é uma notícia importante, pois representa um provável crescimento do número de consumidores interessados em fazer a transição dos combustíveis fósseis para fontes limpas e renováveis.
Essa notícia também pode afetar a dinâmica dos seminovos e usados no futuro, com a possibilidade de crescimento na oferta e procura desse tipo de veículo. Voltaremos ao assunto adiante.
Somado a esse desconto significativo, os híbridos com motor flex (eletricidade mais dois tipos de combustível) terão redução extra de mais 2% até 2023. Ou seja: governo e montadoras estão dispostos a facilitar o acesso a estes modelos.
Quais os principais pontos do Rota 2030?
Já falamos por aqui sobre os R$ 1,5 bilhão por ano que devem ser concedidos às montadoras, bem como sobre a necessidade de investimento anual para a inovação e melhoria dos veículos produzidos.
Mas o Rota 2030 vai muito além disso. Todas as montadoras deverão seguir as regras do programa, mas não apenas para conseguir se beneficiar do desconto no imposto. Na verdade, existe uma obrigação em atender às expectativas e quem desobedecer o acordo fica sujeito a multas que podem chegar a 20% da receita com as vendas.
Um dos principais pontos diz respeito à eficiência energética (ou seja, a redução do consumo médio de combustível). O projeto estabelece uma meta de 11% até 2020, ou seja, para os próximos quatro anos.
Além disso, uma série de novos equipamentos de segurança como parte dos itens de série serão obrigatórios até 2027. Somados a eles está a incorporação das chamadas tecnologias assistivas à direção, que auxiliam o motorista ao volante. A listagem completa e o cronograma de incorporação das novidades deverá ser lançada em breve.
Outro ponto interessante é uma novidade simples e que promete ser bastante eficiente para compradores e vendedores de automóveis. Os novos modelos terão etiquetas de fábrica informando sobre consumo e itens de segurança, a exemplo do que já é feito com os equipamentos elétricos. O objetivo é promover uma maior transparência para o consumidor sobre o que já veio instalado e qual o índice de eficiência do motor.
Para as fabricantes existem ainda dois outros pontos que podem surtir grandes efeitos na produção. O primeiro é que, embora o governo estipule um mínimo anual para pesquisa e desenvolvimento, não há um teto máximo definido e quem optar por superar as metas terá acesso a descontos extra. Trata-se de uma medida que pode acirrar a concorrência.
A segunda questão diz respeito aos créditos gerados pelo abatimento sobre os impostos. Ao contrário do que queria o Ministério da Fazenda, eles não terão validade apenas para o ano seguinte e poderão ser carregadas de um ano para o outro até o fim do Rota 2030.
Como ele vai influenciar o valor dos veículos?
Depois de tanta teoria e dados, é hora de mergulhar na parte prática do que representa o Rota 2030 para o futuro do mercado de vendas — e revendas — de automóveis no país. Com tantas novidades sendo anunciadas e um horizonte ampliado para o futuro, as mudanças nos mercados de seminovos e usados tende a tomar um rumo positivo, seja na melhoria da qualidade geral dos automóveis, na ampliação da oferta de motores, na tecnologia para melhorar a mobilidade e — assim esperamos — em muitas outras descobertas.
O foco do programa não é baratear o valor de mercado dos carros com motores a combustão. O Rota 2030 tem como meta principal assegurar maiores e contínuos investimentos por parte das montadoras para melhorar o produto nacional, oferecendo uma década e meia como janela de tempo para atingir (e quem sabe superar) metas de consumo, segurança e qualidade em geral.
Na prática, isso significa que, dentro de alguns anos, o consumidor brasileiro (e aqueles para quem o Brasil exporta) terão acesso a automóveis melhores e com mais tecnologia integrada, alcançado os altos padrões dos mercados desenvolvidos (Estados Unidos e União Europeia).
Embora ninguém ainda tenha se pronunciado a respeito, a tendência, inclusive, pode ser um aumento dos preços desses novos e melhorados modelos com o passar dos anos. Isso porque as linhas de montagem precisarão ser readequadas para incluir os novos itens de segurança e é muito provável que esse custo extra nas fábricas seja repassado ao consumidor, como já foi o caso em relação aos airbags em 2014.
A única categoria que, em teoria, deve se beneficiar, é a dos carros ecológicos. Como já vimos, eles serão os únicos a passar por uma redução nos valores que podem chegar ao consumidor final. Uma boa notícia, já que a frota brasileira, até o fim de 2017, era de apenas 5,9 mil unidades, representando 0,013% do número de automóveis rodando no país (43,4 milhões).
Outra boa notícia é que as montadoras se animaram tanto com a queda das taxas, que já anunciaram que devem lançar por aqui seis novos modelos, divididos entre europeus (BMW, Volkswagen) e orientais (Hyundai, Nissan).
Mas não basta ter mais carros elétricos rodando, é preciso gerar maior investimento em novas tecnologias de abastecimento. A eletricidade no Brasil ainda é muito cara e são raros os postos de abastecimento — e imóveis — que possuem ponto de recarga. Por isso, para quem lida com clientes fora das maiores (e mais ricas) regiões metropolitanas do país, é preciso cuidado para não investir em uma frota de elétricos sem condições para a recarga da bateria.
Os carros importados ficarão mais baratos?
A novidade no mercado dos importados fica a cargo da diminuição do IPI. Com o Inovar-Auto, as importações sofreram por conta do “Super IPI” — uma sobretaxa de 30% — aplicado aos veículos trazidos para o país que ultrapassassem uma cota definida pelo governo para cada marca. A solução encontrada pelas montadoras foi simples: diminuir o volume de exportações para o teto estipulado pelo governo.
A retomada veio — como falamos anteriormente — no primeiro mês após do fim da medida, ainda antes do início do Rota 2030. Hoje, os automóveis que vêm de fora pagam a mesma alíquota que os nacionais.
Porém, isso não significa que os valores dos novos importados vão cair. Na verdade, a tendência é que permaneçam na mesma faixa de preço. O motivo? Segundo a Anfavea, as fabricantes diminuíram o número de carros exportados para o Brasil para não pagar a mais. E agora retomaram um volume que atenda à demanda do mercado brasileiro. A expectativa é que, ainda em 2018, as vendas aumentem 35%, quando comparadas aos anos anteriores.
Pode ser que a notícia seja melhor para quem quer comprar carro importado seminovo ou usado de 2019 para frente. A tendência é que um maior número surja nas concessionárias especializadas. Essa também pode representar uma nova oportunidade de mercado para vendedores, que podem esperar um maior número de ofertas e oportunidades para investir na frota.
Em uma questão relacionada, o governo espera que, com os incentivos e a redução da burocracia, as exportações dos automóveis feitos no Brasil aumentem cada vez mais.
Como o Rota 2030 vai influenciar os carros seminovos?
O Rota 2030 é uma política voltada para a indústria, visando melhorar a qualidade dos carros oferecidos ao mercado interno nos próximos anos. Isso quer dizer que o mercado de revenda de automóveis também deve aproveitar os benefícios dentro de algum tempo.
Basta que as novas gerações de seminovos e usados — mais tecnológicos e seguros — começem a aparecer, inclusive com menor consumo de combustível, um item indispensável para a maioria dos consumidores.
Mas será preciso atenção, pois com o lançamento de versões melhores, muitos consumidores vão optar por se desfazer dos veículos antigos — sem artigos obrigatórios — e será preciso estar de olho nas mudanças da legislação para não ter que arcar com algum novo item para valorizar o repasse.
Outra possível preocupação para os próximos anos está na depreciação dos automóveis mais velhos que surgirem no mercado. Com novidades e diferenciais despontando no mercado, é possível que os automóveis antigos fiquem com o estigma de qualidade menor e demorem mais tempo no pátio.
Todavia, o contrário também pode acontecer e os usados podem acabar se tornando itens desejáveis para o consumidor que não tem condições financeiras para comprar um carro novo — com preço mais alto, por serem mais tecnológicos — e acabem optando pelas versões anteriores, mais em conta.
Outra boa perspectiva de futuro é a possibilidade da popularização dos híbridos e elétricos. O brasileiro está cada vez mais consciente do seu papel para a sustentabilidade e é possível que isso se reflita nas próximas escolhas de automóveis. Com uma oferta maior — e mais em conta — dos híbridos e elétricos, é possível que o número de interessados cresça, aumentando a competitividade e causando uma guerra de preços e melhores condições de negociação.
Os antigos já diziam: Alea jacta est — a sorte está lançada. Nova política oficializada para os próximos 15 anos. Agora é o momento de ficar atento aos movimentos das montadoras e do mercado consumidor neste primeiro ano. Como muitos itens específicos da nova proposta ainda não foram lançados (itens obrigatórios para o futuro, cronograma completo de investimento para o setor), as fabricantes ainda estão reticentes em apresentar as novas propostas específicas para o Rota 2030.
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