Boris Feldman, o engenheiro eletricista e mecânico, jornalista e piloto automobilístico esteve no palco principal do Conecta Autos 2023 para falar sobre o paradoxo do carro elétrico no cenário nacional.
“O carro do futuro para todo mundo, no mundo todo, não resta dúvida. A única dúvida é quando”, comenta Boris. Se você quer estar um passo à frente, entenda os desafios e o paradoxo para a adoção do carro elétrico no Brasil.
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O carro elétrico é mais antigo que a combustão, sabia?
Boris, que fez o primeiro lançamento de carro elétrico no Brasil, o Ford Galaxie 1967, é um grande entusiasta do tema e começou sua fala com uma breve contextualização da história do carro elétrico e trouxe a informação, nova para muita gente, que o primeiro carro elétrico do mundo foi o Studebaker Electric Victoria Phaeton de 1902!
Por que, então, o carro elétrico não vingou no final do século 19?
Segundo Boris, principalmente pela mesma questão que temos hoje: alcance, ou, autonomia.
À medida que novos poços de petróleo foram descobertos, a gasolina dominou o mercado e o carro elétrico foi abandonado. Até pouco tempo atrás.
Tipos de veículos elétricos
Para entender melhor esse mercado, é importante compreender os tipos de veículos elétricos existentes:
Híbrido Leve
Esse modelo possui um motor elétrico que ajuda o motor à combustão. Na prática, ele aumenta a potência do veículo, sem aumentar o consumo de combustível.
Híbrido Completo (HEV)
Esses são os veículos que possuem dois motores autônomos: um elétrico e outro a combustão; ambos com poder de tração. Nesse caso, o motor elétrico pode ser recarregado via combustível ou por meio do processo de frenagem regenerativa.
Híbrido Plug-in
Similar ao híbrido completo, porém esse funciona a bateria. Carregamento na tomada com potencial de autonomia para até 100 km. É um modelo funcional para movimentação em centros urbanos, que têm distâncias menores.
Fuel Cell
Com uma tecnologia inovadora, esses veículos funcionam a base de hidrogênio. Moléculas de Hidrogênio passam para células de combustível que ao se encontrarem com oxigênio produzem energia elétrica. Para melhorar, o resíduo da geração de energia é água limpa. Esses modelos ainda estão em fase de teste, mas já chegaram a ser comercializados pela Toyota, Honda e Hyundai.
Elétricos (BEV)
Battery Electric Vehicle ou Veículo Elétrico a Bateria são os mais comuns e mais famosos no mercado nacional e internacional. Funcionam a base de baterias recarregáveis.
Combustão/Gerador
Também conhecido como e-power, trata-se de um motor a combustão que só gera energia para carregar bateria e a mesma fazer o carro andar. Aqui encontramos máxima eficiência e o mínimo de consumo de combustível. Ainda em fase de testes e estudos.
Quais os desafios para emplacar o carro elétrico no Brasil?
Aqui, Boris pontua uma certa hipocrisia europeia que investe em carros elétricos, mas tem sua matriz energética ainda pautada em carvão e diesel (extremamente nocivos ao meio ambiente).
Paradoxo do carro elétrico no Brasil
Nessa linha o Brasil seria o lugar perfeito para carros elétricos, dado que mais de 80% da nossa matriz energética é limpa (contra apenas 30% em outros países do mundo). No entanto, vivemos um paradoxo:
“Temos energia elétrica limpa em abundância, porém nossa população ainda não tem poder de compra para custear carros elétricos.”
Além disso, a falta de infraestrutura para pontos de carregamento também é um problema, especialmente considerando as dimensões continentais do país.
Entre outras barreiras para a popularização do modelo, estão as divergências entre montadoras – que não tem confluência quanto aos melhores modelos para produção.
Entre veículos híbridos e elétricos, vale destacar o potencial de redução na produção de CO2. Para ter ideia, em termos de pegada de carbono, enquanto um veículo elétrico deixa cerca de 13 gramas de CO2 por quilômetro equivalente, um veículo movido a gasolina deixa 159!
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Quais são as melhores opções de carros elétricos para o Brasil
1. Híbrido com motor elétrico + Etanol
Aqui vale salientar a importância de não levarmos o motor flex para gasolina e etanol dada a predominância do modelo nacional com alto volume de preferência para gasolina. Cerca de 85% da frota brasileira é flex e, dessas, cerca de 70% tem seu abastecimento primário com gasolina,
2. Etanol como gerador de energia elétrica
Um motor de combustão à base de etanol que gera energia elétrica para um motor de tração elétrico.
3. Reformados
Um carro elétrico sem bateria, que transforma hidrogênio em energia elétrica. Um verdadeiro “Sopa no mel no Brasil”, segundo Boris.
Aqui o desafio é que esses equipamentos, hoje, ainda são caros, grandes e pesados. Por isso estão sendo estudados, primeiramente para ônibus e caminhões.
Carros elétricos são o futuro
Boris fecha sua palestra mostrando que existem inúmeras oportunidades para o mercado de carros elétricos no Brasil, direta ou indiretamente. Afinal, quem diria, 15 anos atrás, que um empreendedor Sul Africano iria transformar o mercado com um carro elétrico? Pois Elon Musk e a Tesla estão aí para mostrar como.
No Brasil, ele acredita que a solução seja mais regional, “O futuro está aí para todos que quiserem investir em carros elétricos e em eletrificação”, finaliza Boris.
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