Durante os anos de sua ascensão, a Uber e as prefeituras das grandes cidades frequentemente se encontraram em meio a uma disputa intensa, marcada por conflitos sobre regulamentação e impactos na mobilidade urbana.
Enquanto a empresa de tecnologia trazia inovações como motoristas sob demanda e patinetes elétricos para revolucionar o transporte nas cidades, os prefeitos enfrentavam desafios significativos para lidar com essas novas opções sem uma estrutura regulatória clara, resultando em transtornos urbanos e descontentamentos para os cidadãos.
No entanto, assim que encontrada a regulamentação, a tendência é que a novidade se implemente no cenário urbano de tal forma que se torne indissociável dele. Esse histórico foi recordado em uma conversa entre Kirk Watson, atual prefeito de Austin, capital do Texas (EUA), e Dara Khosrowshahi, CEO da Uber, durante o South by Southwest (SXSW), um dos maiores festivais de inovação do mundo.
Hoje, as corridas sob demanda oferecidas pelo Uber já estão integradas à cidade de Austin, seguindo regulamentações feitas com os legisladores, de tal forma que a capital do Texas é hoje uma das cidades americanas onde a empresa mais registra crescimento. “Geralmente as regulações precisam alcançar a velocidade da tecnologia e do capital que investimos nela, e estamos muito melhores agora, com regulamentações muito mais claras”, concluiu Dara.
Mobilidade urbana mais sustentável
A sustentabilidade faz parte de uma das principais preocupações da Uber na relação com a mobilidade urbana, com um foco especial no uso de veículos elétricos.
Em um primeiro momento, a relação com o uso da eletricidade para trajetos urbanos se deu com o uso de patinetes elétricos para pequenos trajetos nas cidades. Por meio da Lime, empresa da qual é acionista, a Uber consegue oferecer em seu próprio aplicativo o acesso a essa opção complementar de mobilidade, que permite aos usuários trafegar sobre duas rodas “os últimos quilômetros” (last-mile) até o seu destino.
Apesar de funcionarem com uma energia mais sustentável e serem menos poluentes, os patinetes ainda são criticados pelo mau uso, principalmente quando os usuários circulam com eles em vias impróprias, como calçadas, ou sem a devida atenção, como quando circulam na contramão. Existem ainda reclamações sobre o estacionamento incorreto em locais indevidos, o que é reflexo de uma ainda frágil legislação sobre o assunto.
A tecnologia e a regulamentação da mobilidade urbana vão precisar avançar juntas para melhorar esse cenário no curto prazo, seja estabelecendo regras claras do uso urbano de patinetes elétricos ou educando os munícipes de outra forma.
Já para trajetos mais longos, a Uber apresenta uma visão sistêmica de sustentabilidade com veículos elétricos, em um movimento de parceria com os governos. A ideia é que em uma primeira etapa os governos sejam os responsáveis por incentivar e subsidiar a compra de carros elétricos.
A Uber viria logo na sequência, incentivando seus motoristas a adotarem veículos elétricos com diferentes benefícios, seja por meio da cobrança de uma taxa melhor, oferta de gorjetas mais generosas e até oferecendo coordenadas estratégicas de onde e quando recarregar os veículos entre as corridas.
A expectativa é que os consumidores também abracem o propósito ao darem preferência à corridas com veículos elétricos ao terem a chance de escolher esta opção diretamente no aplicativo, onde também poderão conferir o impacto desta escolha ecologicamente sustentável, demonstrando ao usuário o volume de carbono neutralizado pelas suas decisões.
Estas iniciativas fazem com que a frota de motoristas da Uber se torne mais aberta à experimentação, adotando a tecnologia em velocidade até 7x maior do que outros motoristas. “E se tem alguém que devemos querer que use um carro elétrico são os motoristas da Uber, que dirigem 4 a 5 vezes mais quilômetros do que a média”, frisa Dara.
Números como este ajudam a empresa a se manter firme nas suas ousadas metas de adoção do uso de veículos elétricos, com a previsão de operar com zero emissão de carbono até 2030 nos Estados Unidos, Canadá e partes da Europa. A expectativa da empresa é que a emissão de carbono seja zerada em todo o mundo até 2040.
Para os próximos anos, o foco da Uber é conseguir aumentar a acessibilidade à diferentes opções de mobilidade urbana, que serão cada vez mais integradas com os carros, e também fortalecer a parceria com os desenvolvedores de tecnologia de veículos autônomos, como é o caso dos carrinhos de entrega autônomos da Cartken, que hoje são utilizados para entregas de pequenas compras e de delivery de comida. Ao refinar junto com o mercado as opções de transporte que não precisam de um motorista, o que a Uber espera alcançar não é um nível de segurança equivalente ao de um motorista humano, mas sim uma opção várias vezes melhor e mais segura.
Flávio Passos
VP de Autos e Comercial do Grupo OLX
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