Aspectos relacionados à mobilidade urbana no Brasil expressam muito sobre o comportamento do consumidor. A maneira com que as pessoas se relacionam com a cidade e circulam entre os centros urbanos impacta diretamente no setor automotivo, tanto no que diz respeito à criação e à produção de novos modelos de veículos, sob responsabilidade das fabricantes, quanto ao mercado de carros, sob responsabilidade de revendedoras e concessionárias.
Compreender o que é mobilidade urbana é uma das funções do vendedor que realmente quer estar à frente das tendências do mercado. Afinal, são as necessidades e os desejos do consumidor em seus trajetos cotidianos, em interação com a infraestrutura das cidades, que moldam quais os tipos de veículos mais procurados e quais funcionalidades e tecnologias eles precisam ter.
Conceitualmente, mobilidade urbana é: “Condição em que se realizam os deslocamentos de pessoas e cargas no espaço urbano”.
A definição acima foi retirada da Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012), instrumento que institui “a integração entre os diferentes modos de transporte e a melhoria da acessibilidade e mobilidade das pessoas e cargas no território do Município”.
Ou seja, direitos e deveres dos cidadãos no que tange à locomoção nas cidades, infraestrutura para a circulação de veículos (sinalização, manutenção de ruas e rodovias, entre outros) e estratégias de desenvolvimento urbano, tudo isso faz parte do conceito de mobilidade urbana.
Ainda não está claro o que isso tem a ver com comportamento do consumidor e vendas de automóveis? Basta pensar no seguinte exemplo:
Com o crescimento populacional em determinada cidade, é preciso que os poderes públicos apliquem medidas de desenvolvimento urbano para adequar a estrutura às novas demandas de mobilidade (mais pessoas e mais veículos diferentes circulando). Como consequência, os espaços para estacionamento são reduzidos, com vagas mais apertadas do que de costume, assim, aumenta a procura por carros compactos, motos ou tecnologias de assistência de estacionamento.
Entendeu a relação? Isso fica ainda mais evidente quando olhamos para as tendências de mobilidade urbana sustentável. Todo o atual cenário sobre o assunto foi investigado em uma pesquisa recente realizada pelo Data OLX Autos, uma plataforma de soluções de inteligência automotiva que acompanha os principais movimentos do mercado de automóveis no Brasil!
Panorama atual da mobilidade urbana no Brasil em números
Para realizar o levantamento de dados sobre a mobilidade urbana no Brasil, o Data OLX Autos entrevistou 4.580 pessoas de diferentes regiões do país, coletando informações por meio de questionários online de autopreenchimento, com margem de erro de 1 ponto percentual.
O estudo foi estratificado entre os seguintes públicos:
Faixa etária:
- Geração Z: Até 26 anos
- Geração Y ou Millennials : Entre 27 e 38 anos
- Geração X: Entre 39 e 58 anos
- Geração BB: 59 anos ou mais
Classe social:
- Classe A: Acima de R$ 16.768,01
- Classe B: De R$ 4.458,01 a R$ 16.768,00
- Classe C: De R$ 1.378,01 a R$ 4.458,00
- Classe D/ E: Até R$ 1.378,00
Frequência de uso:
- Frequente: Acima de 16 vezes no mês
- Periódica: De 5 a 15 vezes no mês
- Ocasional: De 1 a 4 vezes no mês
- Nula: Não utilizava
Nível de importância:
- Importante: Importante + Muito importante
- Moderado: Moderado
- Não é importante: Pouco importante + Não é importante
A aplicação da pesquisa por região foi feita com base na concentração populacional em centros urbanos, compondo a seguinte distribuição:
Imagem:(Reprodução/Data OLX)
Resultados: o atual cenário da mobilidade urbana no Brasil
Os interessados em participar da pesquisa foram majoritariamente homens (80%), com uma média de idade de 46 anos e renda familiar mensal média de R$ 5.465,14, o que já oferece dados importantes sobre o público-alvo do setor automotivo atualmente.
Do total dos entrevistados, 77% possuem veículos próprios, sendo 88% carros; 24% moto/motoneta; 7% caminhonete/picape; 2% outros; 1% caminhão. Esses dados indicam a predominância dos veículos comerciais leves no cotidiano do consumidor no que concerne à mobilidade urbana, considerando o perfil do público respondente.
Além disso, 41% afirmam ter a pretensão de comprar um novo automóvel nos próximos seis meses (contra 59% que provavelmente não vão adquirir um novo veículo em breve). Entre os clientes em potencial para o setor automotivo em 2023, 15% pretendem adquirir um veículo usado, 13% para seminovo, 5% novo e 8% não sabem ainda. Assim, percebe-se a tendência do consumidor de automóveis a adquirir veículos usados e seminovos.
Sobre o fator intenção de compra, o dado que se destaca é que 94% dos entrevistados buscam um veículo para uso próprio, sendo que 47% destes afirmam que há o compartilhamento entre duas pessoas. Esse é mais um fator em evidência no que diz respeito à mobilidade urbana no Brasil, pela redução do número de passageiros por carro no uso cotidiano.
Entre as categorias de veículos, os carros são aqueles com maior uso frequente. Para o uso ocasional, os maiores percentuais são para deslocamento a pé e aplicativos de mobilidade.
Já as categorias bicicleta, transporte público (ônibus, vans, trem e metrô) e táxi tiveram altas taxas de respondentes afirmando uso nulo. Dessa forma, verifica-se que é uma tendência de mobilidade urbana atual o uso frequente de carros em detrimento de outros meios de transporte.
Os automóveis são os preferidos entre os meios de transporte utilizados na rotina. Um dado interessante nesse quesito é a necessidade de locomoção para o trabalho, que teve uma alta taxa de respostas de que a situação não faz parte da rotina diária, ficando atrás apenas dos meios de transporte para ir à escola/universidade. Isso indica que o trabalho remoto realmente cresceu entre o público consumidor economicamente ativo e que estudantes não configuram o perfil majoritário dos clientes.
Dessa forma, a análise que permite compreender o atual cenário da mobilidade urbana no Brasil aponta que a predominância é para os transportes utilizados no cotidiano para ir ao mercado, médico, farmácia e atividades de lazer dentro da mesma cidade, com maior importância para os carros usados de uso pessoal, compartilhados com, no máximo, mais uma pessoa.
Desafios da mobilidade urbana no Brasil e da compra de automóveis
A partir da pesquisa, é possível perceber que ainda há um largo caminho para que o Brasil alcance uma mobilidade urbana sustentável, pois, considerando o comportamento do consumidor, não são atendidos os requisitos mínimos para a diminuição da poluição urbana causada pelos veículos, que são:
- trajetos compartilhados;
- uso de transporte público;
- uso de bicicletas ou preferência por caminhadas para trajetos curtos;
- diminuição da quantidade de veículos em circulação.
Por outro lado, também há uma grande lacuna entre as classes mais altas e as mais baixas no diz respeito à percepção da importância dos diferentes meios de locomoção. Enquanto 70% das pessoas economicamente ativas afirmam ser importante ter um veículo para uso pessoal, entre as classes D/E apenas 53% dos entrevistados percebem essa necessidade.
Assim, é possível assinalar dois dos desafios da mobilidade urbana no Brasil: equilíbrio ambiental e equilíbrio social. Aí entra também as questões relacionadas à aquisição de automóveis, um ponto importante para os vendedores ficarem atentos, uma vez que a taxa de pessoas inclinadas a comprar um veículo em 2023 é relativamente baixa.
Sobre isso, os dois fatores mais relevantes para o consumidor realizar a compra são o preço do veículo e o custo de manutenção, dado que pode justificar a preferência por carros usados.
Imagem:(Reprodução/Data OLX)
Voltando para a mobilidade urbana sustentável, outro dado que possibilita dimensionar o desafio da transição energética no setor é que 64% dos entrevistados considerariam adquirir carros elétricos ou híbridos – um segmento que está em crescente expansão –, com destaque para as gerações mais novas (Z e Y) e da classe A. A respeito da consideração sobre GNV (Gás Natural Veicular), 74% dos respondentes não são adeptos à tecnologia, sendo a oferta do serviço de instalação mais voltada para o público feminino (34%), as gerações Z e Y (29%), a classe C (37%) e o público das regiões Norte (35%) e Nordeste (32%).
Recursos de tecnologia automotiva chamam a atenção de consumidores
Dentre os aspectos de tecnologia automotiva investigados na pesquisa, atualização de manutenção, segurança por meio de ligações automáticas para resgate e poltronas antissono são indicados como relevantes pela maioria do público. Já acesso a wi-fi, centrais de entretenimento e retrovisores virtuais são importantes para 46%, 43% e 42% dos entrevistados, respectivamente.
Isso demonstra uma oportunidade de vendas para as lojas que oferecem modelos com funcionalidades digitais. Por outro lado, aqueles que se interessam por carros autônomos ainda são poucos (apenas 21%).
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Acesse o Data OLX Autos para conferir os dados completos da pesquisa, com segmentação de público e região, além da análise geral sobre as tendências e os desafios da mobilidade urbana no Brasil. Lá, você encontra ainda outras análises do mercado automotivo que vão te ajudar a acelerar o seu negócio!
A Equipe OLX é composta por pessoas reais que conhecem e escrevem sobre as diferentes categorias e universos que compõem o Dicas OLX.